terça-feira, abril 01, 2008

Aquilo que precisava de "despejar" há meses...


Ainda em Quarteira… A caminho de casa não havia pedra da calçada que não me fizesse recordar instantes que passámos juntos.

A árvore onde fiz inversão de marcha para voltar a estar contigo.

A esplanada entre as árvores e o mar.

O virar a esquina para ir para casa e cruzar o café que uma noite fomos.

O estacionamento onde gostava de ver o teu carro parado, por o que isso significava.

O varandim onde víamos o pôr-do-sol.

Os fins de tarde na areia da praia.

O ver o mar da minha janela.

As tardes em que bebíamos chá no meu sofá.

O fondue de chocolate.

Os banhos pela manhã.

O ver-te vestir e dar o nó da gravata.

O saber-te sempre lá comigo naqueles dias.

O dizer-te adeus da janela.

As conversas dentro do carro à porta de casa.

As sextas-feiras.

A música.

A fotografia.

Os filmes.

Aquela noite em que me vieste visitar por escassos instantes no fim da rua.

O domingo que me surpreendeste com o toque da campainha e um beijo.

O ambientador de maçã e canela, fechar os olhos e sentir o teu cheiro e o teu calor.

E agora? Pensas que por já não passar por lá não me recordo?

E se te disser que a luz, a simples luz do entardecer, os dias longos, a brisa quente, o Sol e qualquer onda do mar me lembram as nossas tardes… os nossos momentos.

Pois é, isto que acabei de dizer acontece todos os dias em qualquer lugar… Logo...

Qualquer outro sítio onde vá…estás lá. Não só pelo que acabei de dizer mas porque “nós” estivemos lá. Levei-te aos meus sítios. Tu levaste-me aos teus.

Há dias que sou feliz pelo que tivemos. Nesses dias sinto que é e será sempre parte do que somos. Estaremos sempre ligados. Somos mais realizados e pessoas mais felizes porque amámos e o que vivemos faz de nós pessoas melhores. Apesar de tudo…

Outros dias sinto uma revolta dentro de mim, e preciso de te erradicar da minha vida, porque vieste e ficaste de tal forma que por vezes parece que nunca vais sair.

És como uma espécie de maldição. Gosto de gostar de ti. Mas odeio senti-lo, porque…

3 comentários:

Ana Silva disse...

As tuas palavras fazem-me sentir bem. Um misto de felicidade, nostalgia, um pinguinho de inveja.. Acho que tudo o que passaste (e o que passaram) te fizeram chegar até aqui. Mais do que aquilo que fica "pelo caminho", importa sim o que conquistaste. E além do mais, fica sempre um bocadinho de cada momento, de cada pessoa,.. não é?
I'm really happy for you.

João Costa C. disse...

Fenomenal a tua escrita, o sentimento que está impregnado em cada palavra fazem-me ficar sem palavras! Afinal, que levaremos nós desta vida senão as sensações, sentimentos e vivências?!

Anónimo disse...

O que fica, no fim, lido o desabafo, é a prisão em que as relações nos deixam.
O texto, a confissão, não faz de nós, quem escreve, pessoas melhores. Não nos ajuda a deitar para trás das costas tudo o que passou.
O que faz é dar-nos ar. Como se sofocassemos repentinamente e só a esteriotipada caneta cravada no pulmão nos pudesse socorrer.
É o grito que se solta. E que sabemos, logo, que não será o último.